O calendário das festas religiosas marcam
a sua data pelas diversas comemorações dos Santos. O mês de junho destacamos
especialmente as festas comemorativas de são João, São Pedro e Santo Antonio.
Estas festividades remontam um tempo muito antigo, anterior ainda ao surgimento
da era cristã. Historiadores e pesquisadores, relatam que, no mês de junho, era
tradicional em vários povos realizarem rituais para invocar a fertilidade, e a
fartura nas colheitas.
Conta-se que os gregos , chamavam o
espírito dos Cereais de Adonis. Na primavera, durante oito dias, as mulheres
plantavam em vasos sementes de trigo, cevada, alface e funcho, além de
variedades de flores. Com o calor do sol, as sementes germinavam rapidamente e
nasciam as plantas, porem por estarem plantadas num pequeno vaso, em oito dias,
já estavam murchas. Estes vasos, juntamente com a imagem de Adonis morto eram
lançados no mar ou em outras águas.
No Brasil, durante a colonização os
portugueses já comemoravam as festas de São João durante o mês de junho, ainda
que, este período, já marcava o inverno, mesmo assim é um período importante
para o preparo da terra ou de colheitas. As festas juninas, com maior ou menor
destaque, são um marco em todo o território brasileiro, e representam uma
importante manifestação cultural, característica de cada região. As festas de
junho, estão ligadas ao solstício de
inverno, que é um fenômeno da natureza
que marca o inicio do inverno, Este fenômeno acontece por volta do dia
21 de junho no hemisfério sul e 22 de
dezembro no hemisfério norte. Os Santos que são destaque e comemorados durante
o mês de junho: Santo Antonio, São João, São Pedro e São Paulo.
Santo
Antonio
Seu dia é dia 13 de junho e é um dos
santos mais populares no Brasil, bem como em Portugal. Seu nome era Fernando de
Bulhoes , nascido em Lisboa no ano de 1195 e faleceu no ano de 1231, em Pádua,
na Itália. Recebeu o nome de Antonio ao passar em 1220, da ordem de Santo
Agostinho para a Ordem de São Francisco, passando a ser conhecido como Santo
Antonio de Lisboa ou Santo Antonio de Pádua.
É o santo familiar é protetor dos varejistas em geral, muito comum
encontrar a sua imagem em lojas comerciais. Também é padroeiro das povoações e
dos soldados. Este santo é muito querido do povo. É invocado pelas moças casadouras e por todas aqueles que
perdem objetos. Em homenagem ao Santo Antonio, é comum dois rituais
religiosos: os responsos, quando ele é
invocado para achar os objetos perdidos e a trezena em louvor ao Santo.
No Rio Grande do Sul, no dia 13 de
junho, seguindo o calendário Gregoriano,
vários são os municípios que comemoram a festa de Santo Antonio, em suas
igrejas e Paróquias, em alguns casos com feriado municipal por ser ele o
Padroeiro da cidade. A exemplo da cidade de Bento Gonçalves, Fagundes Varela e
outras do estado do Rio Grande do Sul e dos demais estados brasileiro.
Antigamente, era comum
acender a fogueira no entardecer do dia 13 de junho e, a partir dai,
realizando as costumeiras provas de amor, jogos de prendas e saltos sobre as
brasas. De acordo com o pesquisador J.C. Paixão Cortes, Festas Juninas e Santos
padroeiros a fogueira é preparada com a disposição da lenha organizado formando
um quadrado.
São
João
João Batista, nasceu no dia 24 de
junho, alguns anos antes que seu primo, Jesus Cristo e morreu na Palestina no
ano 31 d.C. Foi Joao Batista que, institui o batismo, a purificação através da
imersão na água. Batizou, inclusive Jesus Cristo, na águas do rio Jordão.
Muitas pessoas veneram São João e fazem
do mês de junho um período de festa e de comemoração. A festa junina é uma das
mais populares do estado e atualmente com menos registros, acende-se as fogueiras
na véspera em homenagem a São João. A disposição dos paus de lenha é colocada
de forma uniforme formando um modelo circular.
No Rio Grande do Sul a festa de São
João, também é realizada pelas comunidades e pelos CTGs, que procuram manter e vivenciar a tradição
gaucha. A fogueira, na cidade, não é comum, mas
é montada de forma representativa, e é acompanhada de muita comida
típica e feita para as comemorações, como: o bolo de fubá, a canjica, a batata
doce assada. Come-se também a pipoca, o amendoim e o pinhão cozidos ou também
são feitos pratos de doces e salgados como a paçoca de pinhão, a rapadura, o pé
de moleque etc.
São Pedro
Dia 29 de junho comemora-se a festa em
homenagem ao São Pedro. Apostolo de Jesus Cristo, e pescador. Foi o encarregado de fundar a Igreja Cotolica,
tendo sido o primeiro Papa. Considerado o protetor das viúvas e dos Pescadores,
é festejado com procissões com barcos
pela água e em terra os fogos e o pau de sebo são as principais atrações.
Seja lá qual for o motivo da escolha de São Pedro para Padroeiro do nosso amado
Estado, ele é muito querido por todos nós e, definitivamente, merece esta linda
homenagem feita por gente da nossa terra, gente que acredita em um mundo
melhor, gente que cultiva as nossas tradições.- Liliam Argentina
Segundo a tradição Católica, o São
Pedro, possui as chaves do céu, diz-se que para entrar no céu, é necessário que
São Pedro abra as portas. As festas juninas acontecem em todo o Brasil, em
alguns estados de forma mais intensa e marcante, e o traje utilizado pelos
participantes da festa é de acordo com o típico de cada região. No Rio Grande
do Sul, o traje adequado é a pilcha gaúcha. Os peões se vestem de acordo com a
indumentária masculina, como as bombachas, a camisa, o lenço, as botas etc.. As
prendas também se vestem com os trajes da pilcha gaúcha, como o vestido, a saia
e blusa, a sapatilha, a flor no cabelo, além das demais peças que são
reconhecidos como indumentária característica da cultura gaúcha.
É comum, no entanto, encontrarmos
pessoas que veste trajes características da cultura “caipira” ou sertaneja,
onde o mais comum é os meninos usarem camisa xadrez e, com imitação de remendos
na calça e na camisa e botas meio cano. Já as meninas usam vestidos franzidos,
com estampas florais, de cores fortes e com babados e rendas, as mangas
bufantes e na cabeça usam um chapéu de palha com laço de fita pra enfeitar,
cultura típica de outro estado. Dentre as atividades durante este período de
festas juninas, as que são desenvolvidas e mais comuns são as dramatizações de
lendas, o teatro de fantoches, as brincadeiras folclóricas, o pau de sebo, a
cadeia, as danças tradicionais e outras dinâmicas que são tradicionais no
estado do Rio Grande do Sul.
Os ternos juninos, são grupos de
pessoas que, à noite, percorrem as ruas da localidade e chegam às casas com
cantorias que foram sendo mantidas e repassadas
de geração para geração e
assim anunciam o dia da grande festa. O
dono da casa recebe o grupo de visitantes com comida e bebida.
Como parte das festas juninas, e que
estão diretamente relacionados com a
época da colheita, encontramos os mastros, instalados na frente da igreja e que representam a fecundação vegetal, segundo
o folclorista Câmara Cascudo. No topo do mastro que deve ter de 5 a 6 metros de
altura fica a bandeira do padroeiro da festa, símbolo da sua presença durante a
festividade.
A preparação do mastro desde a
escolha até a ocasião do seu erguimento, de acordo com a tradição, existe um
ritual a ser seguido.
O mastro é erguido uma
semana antes de começar a festa, com a realização de rezas e pedidos, e
retirado o mastro somente depois que a bandeira estiver rota.
Das pessoas que se
engajam para que a festa aconteça destacam-se:
• O Festeiro que é
escolhido para comandar os festejos e normalmente de um ano para outro.
• O Capitão do Mastro,
escolhido pelo festeiro é responsável pela instalação do mastro na frente da
igreja.
• O Alferes de
Bandeira, também é designado pelo Festeiro, e é responsável pela elaboração e
feitio da bandeira.
• O Tenente da
fogueira, é o responsável pela confecção da fogueira e manutenção do fogo.
Outro componente dos festejos é
pau-de-sebo, que consiste num poste reto de 5 a 6 metros de altura e de formato
redondo. O poste é especialmente ensebado, com a finalidade de ficar
escorregadio. O candidato, deverá subir até o topo onde, é previamente colocado
um premio especial ou algo que de direito à premiação.
Fonte: Encarte Pia 21
Jornal Eco da Tradição
junho/2014 e sua bibliografia